O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui" João 18:36.
Aprendi na escola de autoconhecimento que já citei várias vezes que as passagens bíblicas são simbólicas. Na primeira frase acima foi me explicado que significa que quando uma pessoa encarna o Cristo Íntimo, após ter eliminado muitos egos e despertado um grande percentual de consciência, Ele, o Cristo Íntimo, se encarrega de expulsar os egos (comerciantes do templo interior), eliminar os egos que ainda faltam ser eliminados. Daí a explicação para a frase: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim". Ou seja, para voltar ao Íntimo, eliminar todos os egos e despertar cem por cento de consciência é preciso encarnar o Cristo Íntimo, o amor.
Será verdadeiro? Não o comprovei. Talvez seja. Neste aspecto achava bonito, mas hoje já vejo diferente. Mesmo sabendo o que o ego faz em mim e na sociedade eu não o trato de forma intolerante, eu o criei, trabalho para transmutá-lo. Aos poucos estou substituindo o termo "eliminar o ego" por "transmutar o ego", ainda não consegui totalmente. Não vejo a necessidade de termos violentos que alimentem o ego da intolerância.
Certa vez ouvi um discurso de um intelectual renomado aqui no Brasil, ele disse que tolerava tudo, menos o terrorismo. E se baseou na passagem da Bíblia, dizendo que nem o Cristo tolerou os mercadores do Templo.
Se a Bíblia foi feita por iniciados, contendo um ensinamento simbólico, para poucos, eu questiono o seguinte: Atualmente esta simbologia está servindo para justificar muitos atos de agressões, onde pessoas entram em templos alheios e destroem estátuas de santos, ou outros atos de intolerância, como as palavras do intelectual que citei. É sensato manter uma simbologia com margem a interpretações inconscientes? Uma simbologia que sirva de alimento para as ações dos egos? Bem, na verdade podemos usar quaisquer palavras para justificar quaisquer atos, é muito fácil distorcer as coisas.
"Meu reino não é deste mundo... ", bem, então, o Templo do Pai também não é deste mundo, não é? Porque então agredir os mercadores? Cristo não ensinou a amar os inimigos? Isto significa agredi-los? Porque não agrediu então os que maltrataram seu corpo físico? Seu corpo não era templo do Pai?
Não sei aonde está a verdade, mas compreendo que estas escrituras talvez não sejam o que realmente o Cristo fez ou disse, mas sim escritos feitos por autoridades religiosas ou outras, com intenções particulares. Os textos devem conter muitas adulterações. Porque ocultam os evangelhos apócrifos? Somos crianças e não podemos fazer nosso próprio julgamento sobre o que lemos?
No próximo capítulo vou refletir sobre a "Tolerância" e relacioná-la com este.
Fraternalmente,
Ulisses Higino
www.poesiasparaodespertar.blogspot.com.br
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