sábado, 9 de novembro de 2019

Adolescência (A preguiça) - cap.17

Dou-lhe um abraço amigo, daqueles conduzidos com a leveza da ternura, e que se sustentam sobre a pele do tempo que não corre, mas flutua...

A duração do meu afago é mais que pouco, um conforto, e menos que muito, assim não cansa. 

A medida certa é a harmonia do amor!

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Na minha adolescência eu vivi as limitações da pobreza. Tinha poucas roupas, poucos recursos, uma alimentação simples.

A minha Mãe teve oito filhas e eu, não foi fácil pra ela! Além de outros problemas que ela teve que enfrentar...

Cuidar de casa, alimentar tantas filhas e filho, o meu Pai sempre fora de casa.

Eu não culpo minha Mãe e Pai pelo pouco tempo que ficaram comigo na minha infância e adolescência, a vida deles não foi um mar de rosas.

Na adolescência eu tinha que usar as mesmas roupas repetidas vezes, para ir trabalhar, porque tinha poucas. Elas acabavam retendo suor e sujeira.

Eu não tinha exemplos de disciplina, de organização, pois a minha Mãe tinha que fazer muitas coisas e a colaboração das filhas e minha eram insignificantes... Minha Mãe não dava conta de manter a casa limpa e organizada, como disse, a vida dela era muito sofrida. E ela não brigava com a gente... 

"O hábito do cachimbo é o que deixa a boca torta!" - De tanto repetir comportamentos a gente se torna o que faz.

Certa vez um amigo me falou de forma muito respeitosa, muito amiga, sobre a minha higiene pessoal. A partir daquele dia eu me lembro que comecei a mudar neste aspecto. Se ele tivesse sido grosso comigo, me ridicularizado, a história poderia ter sido diferente. Psicologia reversa, traumas...

Certa vez um primo, adulto, veio passar uns dias em casa. Ele dividiu o quarto comigo. Dormia na beliche de baixo e eu na de cima. Ficou por muitos meses. A cama dele sempre estava arrumada, as roupas dele sempre em ordem, os pertences dele sempre organizados. Ele nunca me falou nada da minha desorganização... Não precisou falar nada, o exemplo dele me marcou profundamente, e eu comecei a mudar.

Lendo livros sobre espiritualidade eu fui estimulado a buscar virtudes e comecei a me organizar em vários sentidos na minha vida. Comecei a assumir as minhas responsabilidades nos cuidados com a casa, a buscar ser cuidadoso com a minha higiene pessoal, cuidadoso com os meus pertences, comecei a me reeducar para ser uma pessoa melhor. 

Na minha infância e adolescência eu não tinha nada de disciplinado, nada de organização, nada de diligente. Estou neste caminho há muitos anos. Este é o meu propósito nesta existência, despertar a consciência. Vou buscar concluir este trabalho antes que este corpo morra! 

Estou agradecido por estar vivo e por todas as experiências que estão me permitindo SER o que sou e me transformar no que tenho vontade de SER. Já desconstruí muitos egos, mas tenho muitos outros pra desconstruir.

No próximo capítulo vou escrever sobre a clarividência.

Ulisses Higino
Poesias Para o Despertar
ulisseshigino@gmail.com


Este livro é continuação do livro "A morte do ego e o despertar da consciência" e os outros que estão sendo escritos na sequência

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