sexta-feira, 17 de maio de 2019

Continuidade (A morte do ego e o despertar da consciência) - cap.07

A escuridão está lá, deitada sobre as nuvens deste dia claro, e eu estou cá, em baixo desta cama azul. Logo a noite invade o dia e o dia deita sobre a noite...

Ah! Vontade de deitar-me sobre o dia e sobre a noite, e poder ficar olhando o infinito com o corpo repousando no colchão de estrelas, ou no colchão de nuvens.

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Quando vamos aprender uma operação matemática podemos fazer o mesmo exercício várias vezes, tantas quanto sentirmos vontade. Pela repetição vamos corrigindo os erros e construindo um saber fazer aquela operação.

Em se tratando dos egos, se não soubermos criar uma estratégia podemos ficar perdidos! Um ego aparece em um momento, depois são vários outros momentos com vários outros egos e não sabemos quando aquele ego específico voltará a aparecer. Pela descontinuidade podemos perder o rumo do trabalho psicológico.

Seria bom poder determinar que um determinado ego da ira se manifeste trinta vezes seguidas para que eu possa observá-lo várias vezes, continuadamente, para compreendê-lo, descobrir a sua falta de sentido e eliminá-lo. Mas isto não é possível. Precisamos de criar uma estratégia para que a eliminação dos egos aconteça de forma eficiente.

Quando eu comecei o trabalho de "auto-observação psicológica" eu conseguia me auto-observar por alguns instantes e alguém vinha conversar comigo e eu me identificava, me perdia, só voltava a me lembrar da auto-observação várias horas depois, ou no dia seguinte! Isto seguiu acontecendo várias vezes e eu me sentia incapaz de desenvolver a auto-observação. Sem a continuidade eu não avançava.

Quando comecei a dedicar duas ou três horas seguidas para praticar a auto-observação, caminhando, então eu comecei a ter resultados. Depois eu comecei a conseguir resultados me auto-observando ao trabalhar, ao me relacionar com as pessoas, ao realizar qualquer tarefa física.

Mesmo tendo conseguido desenvolver uma certa habilidade com a auto-observação eu fiquei por muitos anos levando rasteira dos meus egos, sem conseguir me levantar. Agora eu me sinto em uma condição melhor para trabalhar na eliminação destes defeitos psicológicos, e estou vivendo os sérios desafios relacionados com este trabalho.

Por muitas vezes eu ouvi dizer o quanto é difícil o despertar da consciência, e nos últimos anos eu tenho sentido na pele o quanto estes dizeres são reais! E me pergunto: porquê este trabalho é tão duro? Porque é tão raro o despertar? 

Me considero um aluno iniciante nesta ciência, e não sei até onde poderei ir, e não "desejo" resultados, pois os desejos me farão fracassar! Não desejo o céu e não desejo fugir do inferno, apenas preciso seguir. 

No próximo capítulo vou escrever sobre os egos e a alma.

Ulisses Higino
poesiasparaodespertar.blogspot.com.br
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ulisseshigino@gmail.com

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