domingo, 6 de outubro de 2019

Oração de São Francisco ( Orações 2 ) - cap.27

Sou a boca faminta e a semente do pão... Sem cultivar-me eu morro!

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Na adolescência eu despertei uma vontade de buscar a espiritualidade. Entrei para um grupo de jovens em uma Igreja Católica, li a Bíblia toda, frequentava as atividades da igreja e conversava seriamente com Deus, pedindo respostas. Estive perto de ingressar em um seminário para me tornar padre, mas, uma força invisível, intuitiva, me moveu para outros caminhos.

Por muitos anos eu alimentei uma admiração pelos santos do catolicismo e por divindades de outras instituições espirituais também. São Francisco de Assis foi um dos seres por quem eu alimentei muita admiração.

Na primeira vez que li o livro "O pobre de Deus" (história de S.Francisco), em uma parte da leitura eu chorei comovido...

De uns anos pra cá o SER que sou vem aos poucos buscando ser consciente de todas as palavras que saem da minha boca, ou que são produzidas em minha mente, e também dos meus atos. É um trabalho grandioso! Estou em processo.
Quando canto alguma canção, busco colocar a minha atenção em cada palavra, sentindo o significado do que estou cantando, mesmo que eu já tenha cantado esta canção mil vezes! Me educo para ser consciente sempre. Estou em processo. Esta minha postura está passando para as minhas conversas, para as minhas brincadeiras, para as orações que faço. Me educar para ser consciente de instante a instante. Os egos são meus obstáculos e por isto eu tenho que desconstruí-los.

Oração de S.Francisco

"Senhor, fazei-me instrumento da vossa paz" - Se meus filhos me  pedirem pra eu fazer deles um instrumento da minha paz, vou dizer-lhes que é importante que eles usem do livre arbítrio e façam as próprias escolhas. Isto é amor. Esta oração me educa para ser submisso a Deus, e eu vejo Deus como um pai amoroso, que me deixa livre.
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"Onde houver ódio, que eu leve o amor" - Eu tenho vontade de levar o amor no lugar onde há o ódio dentro da minha alma. Amor, para mim, é consciência, se eu for consciente, serei o amor, e ele estará comigo aonde eu for. Nem todo lugar onde há ódio as pessoas tem vontade de receber o amor. O amor vai aonde é permitido, respeitando a vontade dos outros seres, dentro do livre arbítrio deles.
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Onde houver ofensa, que eu leve o perdão 
Onde houver discórdia, que eu leve a união
Onde houver dúvida, que eu leve a fé
Onde houver erro, que eu leve a verdade
Onde houver desespero, que eu leve a esperança
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria
Onde houver trevas, que eu leve a luz.

Eu não tenho vontade de "desejar" levar o perdão, nem a união, nem a fé, nem a verdade, nem a esperança, nem a alegria, nem a luz. Eu busco estes valores no SER que sou, uma decisão minha, mas cada SER é livre. Eu compartilho as minhas compreensões, em conferencias, livros, mas somente para quem me receba, quem me permita, buscando "não desejar" ser aceito, não desejar transformar as pessoas. Compartilhar, na minha compreensão, é agir com amor, e eu faço isto porque busco ser o amor. O que é verdade para mim, o que é luz para mim, talvez não seja verdade ou luz para outros seres, e eu respeito.
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Ó mestre, fazei que eu procure mais consolar do que ser consolado
Compreender do que ser compreendido
Amar que ser amado

Eu não "desejo" que Deus faça eu ser desta ou daquela maneira, para mim Deus é amor e o amor liberta, permite que eu me construa. Eu não desejo jogar a responsabilidade nas mãos de Deus, sobre me fazer assim, ou assado, é uma responsabilidade minha. As vezes eu peço "força", quando estou lutando contra um ego e me sinto fraco... Mas a luta pela transformação está sendo uma iniciativa minha.

Pois é dando que se recebe
É perdoando que se é perdoado
E é morrendo que se vive

Para a vida eterna

As vezes nós damos e não recebemos, perdoamos e não somos perdoados, isto acontece. A vida eterna é um mistério. Talvez Francisco de Assis tenha comprovado pra si que existe a vida eterna, mas outras pessoas não. Fazer afirmações sobre uma verdade que não conheço é uma forma de me condicionar por meio da repetição, uma indução, uma auto-sugestão.

É uma oração muito bonita, mas de uns tempos pra cá eu não a uso porque a minha consciência não a aceita. Respeito quem use.

No próximo capítulo vou fazer algumas considerações sobre as orações.

Ulisses Higino
Poesias Para o Despertar
ulisseshigino@gmail.com


Este livro é continuação do livro "A morte do ego e o despertar da consciência" e os outros que estão sendo escritos na sequência.

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