domingo, 5 de fevereiro de 2017

Se auto-descobrindo (Exercícios Para Transmutar o Ego em Flor) cap.174

Ser que anda só, cobrindo a estrada
Vai seguindo a trilha pelo seu destino
Vai se descobrindo em sua jornada
Vendo com clareza seu SER andarilho
Luz a iluminar a nobre caminhada

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Quando comecei a fazer as caminhadas tive uma intuição me guiando para tentar medir a consciência por meio da visão. Passei a olhar para o caminho, a calçada, o poste, uma pessoa, o que estivesse na minha frente, a ideia era buscar o momento em que a minha visão iria sumir! Sabia que quando a minha visão sumisse minha consciência teria se perdido.

Andava uns metros e minha visão se perdia, me recuperava algumas quadras à frente, depois de ter me envolvido em muitos pensamentos e perdido a noção do que estava fazendo... Retomava a prática e logo em seguida me perdia novamente!

Segui com as tentativas e descobri que não tinha praticamente nenhum domínio sobre a minha mente.

Busquei saber o que me levava a estes devaneios e procurei descobrir o que havia pensado, tive dificuldades de lembrar o que eu havia pensado. Depois de muitas tentativas comecei a desenvolver domínio sobre o exercício, comecei a lembrar o último pensamento e comecei a fazer retrospectivas. Cheguei a fazer muitas retrospectivas e ver a ligação entre um pensamento e outro. Depois de muitas práticas, muitos dias caminhando, passei a conseguir descobrir vários pensamentos e chegar a origem, o primeiro pensamento de uma série de devaneios!

Descobri que ficava uma ou duas quadras identificado com os pensamentos e depois ficava mais umas duas ou três fazendo a retrospectiva dos pensamentos! Durante a retrospectiva eu também ficava identificado e me desligava do mundo exterior! Rsrsrsrsrs Um perigo! Risco maior de acidentes...

Consegui fazer isto por várias vezes e comecei a descobrir que todos os pensamentos são mecânicos, ficou claro a minha loucura interior... Fiquei chocado com o  que descobri, os pensamentos gerando emoções, as emoções gerando pensamentos, as sensações do corpo gerando pensamentos, percebi os apegos, as fantasias, as representações, as preocupações, os ressentimentos, os vários egos agindo, descobri em realidade que os egos são muitas pessoas dentro de mim, como havia sido orientado.

Fiquei tão chocado que não tinha mais vontade de falar ou pensar, havia vivido uma beleza interior no silêncio e percebido que toda a nossa sociedade está em uma grande loucura. Difícil falar sobre isto, vi o coletivo por meio do meu interior. Não tinha maturidade para lidar com isto. Meus familiares notaram uma grande mudança e não compreendiam, eu não tinha como explicar, os amigos também notaram, muitos pensaram que eu estava perdendo o equilíbrio mental.

Por meio desta prática os egos ficaram claros pra mim, passei a identificar a minha essência e em qualquer momento podia sentir a consciência observando a si mesma, diferenciando-se dos pensamentos, emoções e do corpo. Mesmo com esta habilidade os egos ainda tinham domínio sobre meu corpo e continuaram assim por muitos anos.

De uns cinco anos para cá eu consegui finalmente dar um rumo ao meu trabalho interno pelo despertar da consciência. Continuo cheio de egos, mas o meu domínio sobre os meus pensamentos, emoções e o corpo, aumentou consideravelmente. 

Acho esta prática interessante, mas sei que as pessoas são diferentes e por isto os caminhos podem mudar. Nem todos poderão conseguir resultados com esta prática, caso tentem fazê-la e caso tentem, reforço a sugestão de procurarem um lugar seguro, como um parque público com vias para caminhadas.

No próximo capítulo farei mais alguns relatos relacionados com estas práticas.

Fraternalmente,

Ulisses Higino
www.poesiasparaodespertar.blogspot.com.br
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