domingo, 12 de junho de 2016

O bem e o mal e o livre arbítrio (Transmutando o Ego em Flor) - cap.62

Aliso a madeira no ato carinhoso de limpar a sua superfície. 

A limpeza harmoniza, mas limpar somente em busca da harmonia é egoísmo, vazio... É saudável distribuir a energia do amor para os seres inanimados ao nos relacionarmos com eles, e desprender a gratidão por contribuírem com o nosso viver. Não sei se a madeira pode sentir o amor que lhe dou, mas eu posso sentir o amor que irradio para a vida!

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Se não houvesse o dia a noite não teria fim, e se não houvesse a noite o dia não teria fim. Sem a dualidade como poderíamos ter uma pausa para o equilíbrio? Como poderia haver o movimento? Como a vida poderia existir?

Como alguém pode se tornar um anjo sem os defeitos para superar? Sem os diabos (mal) não existiriam os anjos, e sem os anjos não haveriam os diabos. As pessoas entramos no mal para depois sabermos o valor do bem, e cada um tem o seu tempo. Sou um grande buscador do despertar da consciência, mas será que já não me cansei de viver na inconsciência? Será que não vivi muitas outras existências envolvido em maldades? Isto não terá sido necessário para um dia eu amadurecer para buscar um outro caminho? 

O ouro é precioso porque é raro, se fosse comum não seria precioso! É preciso muito barro para justificar a preciosidade do ouro, para escondê-lo, para torná-lo difícil. A inconsciência, neste nosso planeta, é como o barro, abundante, torna a consciência desperta uma joio rara.

Como alguém pode "desejar" acabar com o mal nos outros? E a liberdade do outro de viver suas experiências? De conhecer o bem e o mal para fazer suas escolhas?

Temos um filho e vamos colocá-lo em uma bolha de plástico para protegê-lo do mundo? Ele vai crescer frágil, sem anticorpos, assim vamos destruí-lo! Podemos estar ao lado, mas é sensato irmos soltando as amarras, ajudando-o a desenvolver segurança, a sair e se arriscar, a acertar e errar. Os erros valorizam os acertos e tornam a vida saudável.

Compreendo que a consciência vai seguir vivendo para aprimorar-se, para se tornar ouro, mas não vai desvalorizar seus erros, seus tropeços, sua jornada, tudo é importante. Ela luta para transformar-se e não para transformar os outros, cada um é livre para seguir seu caminho, por isto também não há sentido em viver criticando a opção dos outros de se envolverem nos seus erros.

O mal alheio nos afeta? E não teremos merecido ser afetados? Somos perfeitos? Já não fizemos muitas maldades? Existirão outras existências? Teremos errado muito? Buscamos despertar as virtudes da mansidão, da paciência, da simplicidade, humildade, e como vamos despertar estas virtudes sem descobrir os egos que as adormecem, a ira, o orgulho,etc? Como iríamos descobrir os egos vivendo em um paraíso? Este mundo é um prato cheio para o despertar da consciência, oportunidades em todos os momentos, por todos os lados!

Como alguém pode respeitar o livre arbítrio sem compreender profundamente a natureza do bem e do mal?
Despertar virtudes não é um conto de fadas, há todo um fundamento por trás! Podemos ficar falando de perdão, de respeito ao livre arbítrio, de amor, por séculos, isto não vai nos levar a lugar algum se não houver um trabalho criterioso com técnicas sensatas para o despertar da consciência.

Fraternalmente,

Ulisses Higino
www.poesiasparaodespertar.blogspot.com.br

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