sábado, 16 de outubro de 2021

CONTOS DE VAGA-LUME (O Borrão)

 CONTOS DE VAGA-LUME (O Borrão)


Sou uma pessoa mar para o olhar que me vê deserto, porém me ama!

A pessoa mais de boas aos meus olhos é aquela que, "SENDO", se oferece pra ajudar-me a tirar minhas correntes e tbm SER!

✨✨✨

Cada ser com sua paleta de cores na fala, no olhar, ou nos gestos, pinta suas obras de arte abstratas ou figurativas.

Tenho sido um ferrenho crítico das artes alheias... Por quê? Inconscientemente me vingando de tanto ter sido criticado? Talvez...

Talvez eu esteja sendo um produto, manipulado, esculpido pelas tendências...

Provavelmente somos uma tela onde as outras pessoas, com suas falas, olhares, gestos, ausências, brincadeiras, estejam ditando regras, estejam modelando traços de inseguranças, machismos, racismos, homofobias, etc...

Parece-me que somos pessoas artistas plásticas produzindo realismos ou abstrações na tela que somos e ao mesmo tempo somos pessoas sendo RABISCADAS pelas intenções artísticas alheias querendo nos transformar em "borrões"!

Às vezes penso que as mãos que seguram o pincel que me retrata são as minhas, mas na verdade são as minhas mãos sendo manipuladas pelas opiniões das outras pessoas...

Séculos observando as competições nas arenas e as arenas ficaram nas almas, e foram pras relações afetivas, maternas e paternas, conjugais, pro escritório, pras brincadeiras... Se espalharam como um câncer, fazendo das relações uma constante batalha onde cada parte quer ser a vencedora, ter a razão, se sobrepor. Parece-me que isto está acontecendo...

Somos pessoas artistas plásticas que na maioria das vezes estamos pintando o que fizeram de nós... Seremos originais?! Quanto de originalidade há em nós? Sim, existem mais ou menos traços de originalidade. Acho que o que nos salva é o que nos resta de essência!

Muitas coisas não me agradam nas outras pessoas... E será que eu posso aprender a ver a obra de arte alheia sem RABISCÁ-LA? Será que posso ver o que há naquele quadro que talvez seja construtivo pra mim? Será que o quadro alheio só tem traços que mereçam o meu crivo rígido?

Desde as últimas eleições tenho sido tão cruel contra Bolsonaro, milicianos, facistas, racistas, etc... E sinto que essas pessoas estão me BORRANDO...

Bolsonaro me estimulou a me sentir um bosta... Bolsonaro me transformando em um borrão de ódio... Me manipulando... Ele nem sabe disto.

Quanto mais agressor eu sou, talvez mais manipulado eu esteja sendo por aquele contra quem tenho raiva...

Quero amar? O que é o amor? É o amor que me ensinaram ou o amor que eu realmente compreendi e elegi pra mim, por sensatez?

Meu nível de sensatez está razoável ou está contaminado inconscientemente pelas influências dos RABISCOS seculares?

Quero seguir reproduzindo o que sempre tem sido ou quero limpar a minha tela e encontrar a minha essência?

Sigo combatendo o que compreendo ser injustiça, mas com vontade de combater sem ódio, sem deslealdade, sem mentira, sem ter a intenção de arrotar santidade, nem de humilhar ninguém... Não sei se vou conseguir, mas tenho vontade. Estarei num bom caminho? Talvez... Talvez amanhã eu mude de rumo, se conseguir preservar o meu direito de ser livre de todos e de mim mesmo.

Será este um caminho legal? Talvez alguém comente comigo e me ajude a perceber falhas neste meu esboço de raciocínio, e talvez eu mude tudo amanhã!

Penso que as pessoas Bolsonaristas devem seguir seu caminho, sinto que não devo ofendê-las nem ofender Bolsonaro. Posso fazer oposição sem me tornar um igual. Não quero ser injusto na fala. É um fato: ele agride e produz ódio.

Posso me opor ao carrasco sem me tornar um carrasco, sinto que posso... Poderei? Essa é a minha busca!

Não quero o céu, nem o inferno, não quero ser santo, nem diabo, só quero encontrar a minha essência, a minha tela original.

Não quero nada do além, não quero o pós-morte, quero o amor, e o amor está é aqui e agora!

Quero aprender a limpar-me das RABISCAÇÕES alheias e aprender a parar de BORRAR as telas alheias.

Se as pessoas, ao verem a arte abstrata que sou, forem inconscientemente RABISCAR-se com o meu estilo, isto eu não posso evitar. Mas posso aprender a não agir com a intenção de BORRAR as pessoas, querer pintar nelas a minha verdade. E posso aprender a filtrar o que me chega e só permitir a entrada do que me interessa!

Quero amar, aprender a não desejar BORRAR a originalidade da outra pessoa!

É legal, voluntariamente, me inspirar na arte das pessoas que amo, ou das que não amo, e trazer algo pra mim, para enriquecer o meu estilo. Mas fazer isso lucidamente, por vontade própria.

Compreendo que podemos permitir influências no nosso estilo, podemos crescer junto, afinal, talvez seja essa a única forma de crescer! Juntos! Mas não impondo, BORRANDO. Não permitindo imposições alheias.

Tenho sido um fervoroso crítico, RABISCADOR, pessoa bizarra, chata... Não tenho a intenção, neste texto, de atacar ninguém que seja como eu sou, só estou refletindo sobre o que tenho vontade de me tornar e gritando pro mundo o que ele fez comigo:

"Mundo, valeu por ter feito tudo isso comigo e agora me fazer sentir uma vontade animal de me libertar de vc!

Vc, mundo, sempre gritou nos meus ouvidos, agora eu não grito de volta, não tenho vontade de ser como vc! Porém, FALO!"

O mundo me rabisca enquanto sou vulnerável, sem consciência. e por isso permito. Quando for o total autor da minha obra de arte, serei um artista PLENO!

Ulisses Higino

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